domingo, 29 de outubro de 2023

Outono, dias de chuva e a vontade de voltar!

De todas as vezes que disse que tinha que voltar a escrever, a vontade nunca me acompanhou. O que antes era diário, aquele entusiamo constante, quase que parecia já não mais fazer sentido, quase que deixou de me cativar. 

A verdade é que para mim a escrita sempre foi pessoal, vontade de partilhar o meu estado de espírito, o ânimo ou desânimo da minha vida, as minhas opiniões... Não que a minha vida tenha ficado menos interessante nos últimos anos (muito pelo contrário by the way) mas a vontade de me expor, ou até mesmo de me focar naquilo que estou a sentir começou a parecer assustador. E de repente eu, de uma pessoa que desabafava com o mundo, que achava que partilhar era bom, começou a sentir que isso era só estúpido e preferi, como prefiro, reservar-me e lidar com as minhas questões só comigo...Bom, só comigo não será bem assim, com os que me são próximos, com a terapia... 

Os últimos anos têm-me feito pensar que gosto de me resguardar, de guardar, o bom e o mau. Por um lado não gosto de pregar aos sete ventos quando estou feliz, por outro também não gosto de mostrar as minhas fragilidades. E embora saiba que toda a gente as tem, cada vez mais acho que as pessoas não vêm partilhas como algo bom.

Ainda assim, e mesmo sendo mais resguardada, a verdade, é que tenho cada vez mais voz, com mais força para confrontos e para dizer o que penso, sem ter medo de bater de frente com alguém. Ou melhor com algumas pessoas ainda tenho, mas confesso que já fiz e continuo a fazer progressos. Sinceramente, acho que deixei de ser uma miúda sem voz apenas para agradar os outros, e ainda que ache que nem todos os confrontos valham a pena, a verdade é que muitas das vezes temos de nos colocar nessa posição, falar, dizer o que pensamos, mesmo que isso signifique ir contra alguém que gostamos. A questão é simples, se for alguém dos nossos, mesmo tendo outra opinião, irá aceitar que a nossa é diferente, e está tudo bem.

Devemos expressar-nos sem medo de represálias, sem medo de nos mostrar-nos, ou com medo de não nos encaixar-mos, durante anos senti isso, sabia que não pertencia ali, mas queria encaixar-me, queria falar igual, vestir-me igual, pensar igual, e isso é não aceitarmos o que somos, é sentir vergonha alheia de nós próprios, e lixar a nossa autoestima, viver apenas o que a sociedade dita e nunca ser livre!

Ás vezes é bom seguirmos outras marés, a vida tem-me mostrado isso, e acreditem, tem sido mesmo muito generosa com as lições! 

Por isso, escreverei sempre e quando me apetecer, para mim e para os outros, mas especialmente para mim, para me relembrar que este lugar existiu e foi sempre importante para mim!

sexta-feira, 3 de março de 2023

O dia 3 de Março

E assim quase num piscar de olhos (desculpem o cliché) chego aos 35 senhores, como é que isto passou assim tão rápido ah? Uma coisa não mudou, apesar de nos últimos anos não me ter dignado a partilhar isto convosco, mas continuo a adorar fazer anos, aliás, acho até que gosto mais. Acho sempre que é um dia que merece ser festejado, celebrado, vivido e agradecido. 

Há 35 anos atrás a minha mãe era mãe pela primeira vez e eu começava a minha jornada por estes lados. 

Se me perguntarem se já fiz tudo o que gostaria? Nem de longe, ainda há tanto por fazer mas ainda assim consigo ver que já fiz tanto, já conquistei tanta coisa e a verdade? Gosto cada vez mais da miúda que me estou a tornar.

Olhando para trás mudava apenas uma coisa, ter-me tentado integrar e pertencer a meios que não são nem nunca serão os meus. Seria mais eu, sem medo, sem disfarces e sempre que alguém me tentasse diminuir saltava fora, sem escândalos e problemas mas afastava-me. Acho que os últimos 10 anos mostraram-me isso, que não precisamos de tentar encaixar-nos em lado nenhum, nos sítios certos cabemos por inteiro, sem precisar de nos ajustar. Basicamente quem gosta de nós vai gostar sempre, quer sejamos tímidos, introvertidos, certinhos, melancólicos, saudosistas, enfim...quem gosta, gosta, e são essas gentes que importam. Hoje sei disso.

Os últimos 10 anos foram de aprendizagem, de problemas, de desafios, de coisas boas, de coisas tristes, de ser adulto, e acho que o difícil tem sido voltar a ser criança e não levar a vida tão a sério. Isto não é para levar a sério, não mesmo, mas tem sido difícil para mim perceber isso. Tornei-me ainda mais responsável (se é que isso era possível) o que faz com que sinta que tenho sempre 30 kg às costas. Nos últimos meses tenho tentado libertar-me disto, havemos de conseguir.

Há 10 anos atrás, os meus 25, foram estupendos, vividos e de uma alegria extrema. Vivia sozinha, dançava até de manhã, os fins de semana eram sempre de festa e divertia-me muito, mesmo muito. Por outro lado vivia demasiado para o trabalho, era ambiciosa, trabalhava horas a mais, desejava o mundo. 10 anos depois, não vivo sozinha, não gosto assim tanto de sair à noite, mas não dispenso um brunch e uma conversa de uma tarde com amigas. Valorizo muito mais a vida, o aproveitar, a natureza, os amigos, a família, a minha casa...Enfim, a mesma pessoa, 10 anos no meio e uma perspetiva diferente do que aqui andamos a fazer. Olhando para trás parece que nada mudou e ao mesmo tempo mudou tudo.

Ah e ainda sonho muito, sonho mesmo, desejo um mar de coisas, ser mãe é uma delas, mas ao mesmo tempo também sei que se os sonhos não passarem de sonhos, está tudo bem, o importante é viver e aproveitar enquanto aqui estamos.

Para a C. daqui a 10 anos: O que quer que sejas agora e o que quer que tenhas vivido nos entretantos, tudo isso é teu, tudo isso ultrapassaste e conquistaste. Tudo foi necessário para chegares até aqui. E lembra-te nunca é tarde para fazer o que se gosta. Não tenhas medo. Tu consegues tudo! Sê feliz, no fim é só isso que importa!

sábado, 31 de dezembro de 2022

O balanço...

 Já não me lembro a última vez que fiz um balanço de final de ano aqui, mas este ano fez-me sentido voltar ao antes, às coisas que nunca esqueci e que nos últimos anos tenho descurado. 

2022: Foi um ano difícil, agitado, com muita indecisão e em que me senti imensas vezes perdida e desanimada. Olhando para trás, não me lembro de ter tido algum ano parecido com este. 

Comecei o ano com metas definidas, sendo que uma delas seria fazer os caminhos. Em abril, eu e a minha S. partimos para a aventura. No dia anterior chorei, a ansiedade estava a tirar a melhor de mim, pensei em desistir, pensei que não queria ir e pensei que raio de ideia me tinha passado pela cabeça. Olhando para trás vejo que o medo estava a dominar a minha vida. Ainda assim não desisti e fui, os primeiros dias foram difíceis, as duas primeiras noites quase não dormi. A situação piorou quando tive uma grande crise de alergia que me deixou praticamente 2 dias com dificuldade em respirar. Não desisti e segui em frente. O caminho faz-se caminhando, e foi assim que os dias começaram a melhorar, eu comecei a conseguir dormir, fiquei melhor das alergias e nos últimos dias deixou de chover. Deixamos de sentir dores e as preocupações deram lugar a grandes conversas, a partilhas genuínas e a uma força que nunca mais nos deixou pensar em desistir. E de repente cheguei ao destino e só queria voltar ao início para fazer o caminho outra vez.

Depois do caminho passei por uma série de "chatices", olhando para trás só consigo ver que o caminho me deu a força para conseguir lidar com o que veio. O pior de tudo foi ter perdido a minha Kira! Morro de saudades dela, faz-me falta todos os dias e é inevitável estar sempre a pensar nela. Aquela gatinha mudou a minha vida para sempre e eu vou sentir falta dela todos os dias da minha vida. 

Este foi ainda um ano de indecisões, de vontade de ir mas de ter que ficar. Abdiquei de muitas coisas mas fiquei mais próxima de conseguir outras, de me resolver, de ser livre...

Mantive-me fiel a alguns dos meus objetivos, não descurei os meus treinos, meditei muito mais do que nos anos anteriores, dediquei-me aos bolos e enchi-me de orgulho com eles, tentei aproveitar mais a vida, fui uns dias para fora com as minhas amigas, não desisti do reiki, passei o meu aniversário fora, e acima de tudo fui feliz! Mesmo não tendo conseguido ter muita paz, fui feliz e cresci, a isso chama-se viver.

Salto para o novo ano ainda com algumas coisas pendentes mas que conto resolver entretanto. Por isso, 2023 vamos a isso?

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Sou uma miúda certinha...

E a maioria das vezes gostava de não ser. Gostava de me esquecer que existe rotina, de não pensar em contas, de fazer o que me apetece, ir onde quero e quando quero. Gostava de bater o pé, dizer que não, ir só onde me apetece e estar só com quem quero. Gostava de virar o lugar do avesso, dizer tudo o que penso e não me importar com o julgamento. Gostava de mandar pessoas à merda!

Não sou assim, custa-me sair da linha, custa-me dizer o que penso, custa-me dizer às pessoas que não tenho paciência para as ouvir e que estou farta delas. Custa-me demasiado e não é suposto. É suposto sermos livres, não nos preocuparmos, vivermos sem medos, arriscar e ser felizes. Na teoria sei isto tudo, já na prática... 

Devia arriscar mais! Devia mudar de vida! Devia deixar-me de merdas....talvez um dia!

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Problemas...


Problemas. Toda gente tem problemas, uns pequeninos, uns grandes, uns que somos nós que criamos e outros com os quais não sabemos lidar. Hoje dei por mim a pensar que tenho uma capacidade gigante em sofrer por antecipação. Que é como quem diz, viver aquilo que ainda não aconteceu, e nem sei se vai acontecer, mas toda a minha imaginação leva-me a estar envolvida no melodrama, criando personagens fictícias e a imaginar emoções tristes e dramáticas. Todo um enredo digno de um óscar. Mas hoje foi diferente, do nada fez-se luz! A minha mente acalmou, e o lado racional que há em mim (e que raramente aparece, coitado, vive em sofrimento por eu nunca o ouvir) lembrou-me que ao sofrer por algo que ainda não aconteceu só estou a perder tempo...tempo de sonhar, tempo de me divertir, tempo de viver a vida como ela merece ser vivida. Por isso, que se lixem as preocupações, os dramas, as coisas tristes, as chatices, as pessoas más, que se lixe tudo. Se há coisa que aprendi é que nada dura para sempre, por isso, é deixar rolar, a caravana seguir e novas aventuras irão surgir. Está tudo dito!

domingo, 16 de outubro de 2022

A romântica que há mim!

 Amo este filme! Já vi milhares de vezes, em dias tristes, em dias felizes, em dias assim assim. Hoje vou ver outra vez, nunca me canso de
finais felizes! Sim, sou essa pessoa e cada vez gosto mais de ser assim, é tão bom sonhar, sabiam?

sábado, 15 de outubro de 2022

Mudanças...



 Acho que já todos nós passamos por momentos de mudanças, umas planeadas e outras inesperadas. Sou da opinião que qualquer que seja a mudança é sempre bom, mesmo que nem sempre se veja isso à primeira.

Confesso que não sou uma pessoa que muda constantemente, admito até que tento sempre resistir à mudança, porque é sempre difícil. Aindaa assim reconheço bem a importância de mudar, de arriscar, de viver no desconhecido. De todas as vezes que mudei (ainda que não tenham sido muitas) foi sempre para melhor. Uma das últimas foi despedir-me. Há 3 anos atrás, acabadinha de me casar, e eis que decido sair da empresa em que estava há quase 10 anos. Salário confortável, estava perto de casa, efetiva, tinha tempo para tudo e mais alguma coisa, mas...não estava realizada, e pior do que isso, sentia que o meu trabalho nunca fora reconhecido. Acho que foi esse sentimento que fez com que eu, numa tarde banal de trabalho decide-se, sem pensar muito na coisa, entregar a minha carta de despedimento. Foi uma decisão com o coração, nada racional, e posso dizer-vos que vim o caminho para casa todo a pensar: "Estou completamente maluca, o que vou fazer agora?". Depois fiquei dois meses à procura de trabalho, na minha área e na área em que tinha experiência, nada apareceu. Na minha cabeça tinha um prazo, não podia começar o início do ano sem trabalho, então fui trabalhar naquilo que apareceu, uma fábrica. Foi duro, chorei muito porque era uma realidade que desconhecia, mas como em tudo na minha vida, fui à luta e duas semanas depois aparecia outro trabalho melhor. Assim como que por magia a minha vida resolveu-se! É por isso que, ainda com medo, gosto da mudança, porque é com a mudança que crescemos, que aprendemos e que rejuvenescemos. Mudar de trabalho, mudar de casa, mudar de visual, mudar a nossa casa, mudar a nossa vida, mudar! Em todas as mudanças aprendemos e é para isso que aqui estamos, para aprender, aprender a viver, a olhar com olhos de ver, a valorizar, a respirar e a amar. Hoje mudei! E doeu-me! Mas mudei!